quarta-feira, 27 de agosto de 2008

SANGUE LATINO













Sangue Latino

João Ricardo e Paulinho Mendonça

Sangue latino é uma das minhas músicas prediletas, gosto de sua melodia, mais que isso, seu tom musical de rebeldia e desafio, como se nossa latinidade nos permitisse quebrar os ritos, porém essa "liberdade", nos faz cativos.

A letra fala de nós, latino-americanos, com nossos descaminhos, rompimentos e apesar de tantas dificuldades, somos resistentes.

Lá se vão mais de 30 anos de sucesso, até hoje cantada impecavelmente por Ney Matogrosso, ex integrante da banda.

Secos & Molhados ( João Ricardo Carneiro Teixeira Pinto, Gerson Conrad e Ney de Souza Pereira) exibiam performances realmente ousadas para época, homens mascarados, maquiados, que dançavam e encenavam canções, certamente um choque e ao mesmo tempo fascinante, para uma sociedade que vivia sob opressão da ditadura política.

Para entender um pouco do que acontecia nessa época, o cenário do país em meados dos anos 70 era o seguinte: tempos de ditadura militar em plena forma, desde 1968 havia baixado o Ato Constitucional nº 5, a censura política, que vigorou por dez longos anos, período em que se acredita ter interditado cerca de 500 filmes, 450 peças de teatro, proibido 200 livros e mais de 100 letras de músicas, sem estimar os inúmeros programas de rádios e televisão.

Mas mesmo assim em 1973 a banda gravou seu primeiro disco, em pouco tempo se tornou um dos maiores fenômenos musicais do Brasil, sangue latino, foi a primeira a música a balançar a cena musical, venderam 300 mil cópias em apenas dois meses, quando a média dos artistas, era de 30 mil, seus shows arrastavam multidões.

Das 13 faixas do LP, 7 são poemas musicais , entre elas, Rosa de Horoshima de Vínicius de Moraes, bela obra artística e pacifista.

A capa do vinil, apontada em uma enquete realizada em 2001, pela Folha de São Paulo junto à 146 personalidades, a melhor capa de LP da música brasileira em todos os tempos.

Apesar do inacreditável sucesso, a banda com a formação original se desfez em 1974, logo após lançar seu segundo disco, outros vieram , mas com formações totalmente diferentes.

Eles deixam um acervo importantíssimo para história musical do Brasil, e uma das frase que mais me identifico "E o que me importa é não estar vencido".


Jurei mentiras e sigo sozinho, assumo os pecados ...
Os ventos do norte não movem moinhos

E o que me resta é só um gemido

Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos,

Meu sangue latino, minha alma cativa

Rompi tratados, traí os ritos

Quebrei a lança, lancei no espaço

Um grito, um desabafo

E o que me importa é não estar vencido

Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos,

Meu sangue latino, minha alma cativa